domingo, 27 de novembro de 2011

Fantasias para um filme: O muro dos namorados, o muro de Novara, o muro da fronteira ou o muro de Berlim


Em frente da estação de Novara, na praça que para um filme poderia chamar-se CTB=centro das comunicações BUS-autocarros-comboios, existe um muro que poderia chamar-se “muro dos namorados”. Neste muro com menos de um metro de altura por meio de largura poderia girar-se uma cena que se repetia ao longo de um filme: ela senta-se no muro com as costas contra uma coluna e as pernas abertas pendentes dos lados do muro. Ele senta-se em frente em idêntica posição, passa as pernas dela sobre as suas, aproxima-se, beijam-se … as pernas dela entrelaçam-se nas costas dele, aproximam-se sempre mais e as pernas dele baloiçam parecendo exprimir com o ritmo a intensidade das emoções e felicidade.
Esta cena pode repetir-se com neve e eles muito cobertos com capotes deixando aos passantes imaginar o que se passa debaixo, num dia de Sol com ambos pouco vestidos, numa praça deserta a meio da noite, numa hora de ponta com o muro cheiro de jovens estudantes em posição idêntica e um casal de jovens a beijar-se de pé enquanto esperam que se liberte um posto.
Passa um casal de velhos e ela comenta: “É uma vergonha. Nós tivemos de nos casar para fazer em privado o que estes fazem em público. Recordas-te da primeira noite, da primeira vez, do sangue nos lençóis, … “
Ele recordou a primeira noite com prostitutas, como se iniciavam 100% dos jovens italianos daquele tempo, segundo confessou Santi Licheri na TV ao programa Forum quando lhe fizeram a festa dos seus 90 anos.
Um velho quase com a idade de Berlusconi lê em La Reppublica o que Corado Augias escreve das virtudes do novo governo e vícios do anterior, da vergonha de Rubygate, dos 84 parlamentares indagados ou condenados.
Um extraterrestre disfarçado de humano muito normal lê o pensamento do velho que alterna a leitura do jornal com as fantasias de estar ao posto daquele jovem com as pernas daquela jovem sobre as suas, … ou ao posto de Berlusconi quando estava com Ruby…
Um passante que vai encontrar a namorada e imagina que no dia seguinte estará com o grande amor da sua vida, passará a noite e dia a fazer amor, …
Um divorciado que vai encontrar uma viúva a Berlim e sonha que no dia seguinte estará debaixo de lençóis a fazer o que aqueles simulam fazer em publico. A viúva leva-o a visitar os restos do muro de Berlim, conta-lhe dos mortos por tentarem passar aquele muro, de um político que destruiu a sua carreira porque via TV da Alemanha Ocidental. Naquele tempo era proibido por lei da DDR, (Alemanha comunista), ver TV do capitalismo, da Alemanha Ocidental. Podia ser mais punição na DDR por ver TV do Ocidente do que em Itália por ser boss da pior banda criminal ou matar muitas pessoas. O assassino de Walter Tobagi passou menos de 3 anos na prisão.
Imagino um filme onde estas cenas continuam, com várias histórias como a de Romeu e Julieta, com pessoas que se amam e querem fazer amor mas encontram obstáculos como as calças dos sentados no muro de Novara e outros impedidos pelo muro de Berlim. O muro de Berlim torna-se um símbolo das fronteiras e obstáculos à concretização de relações pessoais, sexuais ou simples comunicação. A sua queda torna-se um símbolo da caída dos tabus e dificuldades de relações. A queda do muro coincide com o desfloramento de uma virgem que queria esperar pelo casamento, de uma viúva da DDR que faz amor pela primeira vez com o divorciado, primeiro amor separados com o muro…
A destruição do muro torna-se um orgasmo colectivo…  

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